Presidente da FACEPE e pesquisadora da UPE fazem palestra na Unicap sobre os desafios e possibilidades do fomento à pesquisa em Pernambuco
O presidente da FACEPE, Prof. Dr. Fernando Jucá, foi um dos palestrantes da aula inaugural do semestre letivo da pós-graduação da Universidade Católica de Pernambuco. O evento, transmitido ao vivo pelo Facebook, aconteceu na manhã desta segunda-feira (9) e reuniu estudantes, gestores e coordenadores de cada um dos dez programas de Stricto Sensu da Unicap e de centros de pesquisa. Além de Jucá, também foi convidada como palestrante a Prof. Drª Tereza Cartaxo, da Universidade de Pernambuco.
Durante sua explanação, o presidente da Fundação falou sobre a necessidade de mensuração dos impactos da pesquisa no desenvolvimento econômico. De acordo com Fernando Jucá, um dos fatores que podem favorecer esta mensuração é a interação com o setor produtivo não-acadêmico. Para isso, Jucá defendeu uma melhor articulação do Sistema Pernambucano de Inovação (Spin), que reúne 300 instituições entre centros de pesquisa, universidades, bancos públicos, empresas, parques tecnológicos e poder público. O presidente da FACEPE também mostrou a competitividade entre os estados a partir de dados do Tesouro Nacional. Pernambuco apresentou melhora em alguns indicadores como Infraestrutura (6ª colocação), Educação (14ª colocação), Potencial de Mercado (22ª colocação), mas caiu 15 posições em Solidez Fiscal (23ª colocação). No Ranking Geral, o Estado subiu três posições.
Em outro momento da palestra, Fernando Jucá apresentou ações da Fundação que tem o quinto maior orçamento entre as agências de fomento à pesquisa do Brasil. A previsão orçamentária para 2020 é de cerca de R$ 70 milhões. Entre os anos de 2014 e 2018, o Governo de Pernambuco investiu R$ 284 milhões. As áreas que mais conquistaram recursos foram Saúde, Educação e Agricultura. Além de destacar as comemorações dos 30 anos da FACEPE, o gestor enfatizou que a instituição está buscando focar projetos que visem políticas públicas de desenvolvimento econômico e social e soluções para problemas urgentes, a exemplo dos editais do zika vírus e do derramamento de petróleo no litoral de Pernambuco. No caso da tragédia ambiental foram dois editais: o 22/2019 na ordem de R$2,4 milhões; e o 23/2019 em conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que vai destinar R$ 3 milhões por meio de um acordo de cooperação.
Jucá também falou do Programa Centelha, que visa estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora no Brasil. O programa oferece capacitações, recursos financeiros e suporte para transformar ideias em negócios de sucesso. “É um programa belíssimo que tem um apoio importante da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). A gente teve 277 ideias submetidas em Pernambuco em diferentes áreas. Tecnologia Social bombou! Foi gratificante pra gente”. Ele destacou ainda dois projetos que contam com recursos da FACEPE. O Neurobots trata do desenvolvimento de tecnologia de exoesqueleto controlada por sensores cerebrais que ajuda vítimas de acidente vascular cerebral na recuperação de movimentos. Já o Qualihouse desenvolve dispositivos inteligentes que exploram o conceito de Internet das Coisas (IoT) para o gerenciamento de energia, sensores de ambiente, estacionamento inteligente e plataforma de marketing personalizado.
Fernando Jucá comentou a redistribuição das bolsas de pós-graduação por parte do governo federal. As regiões Sul e Sudeste tiveram aumento, enquanto o Nordeste teve redução. “Em Pernambuco, 63,1% dos alunos não tinham nenhuma bolsa”, disse ele apresentando dado de 2019. Ainda de acordo com Jucá, a FACEPE está desenvolvendo como política “o fortalecimento de cursos de pós-graduação com notas 3 e 4 (os mais atingidos pelos corte do governo federal); foco na internacionalização; consolidação de novos cursos de doutorado; garantia de consultoria e acompanhamento por parte da Capes e da FACEPE”.
As dificuldades impostas pela atual conjuntura também marcaram o discurso de Tereza Cartaxo. Ela começou a sua explanação fazendo um panorama da Educação no Brasil, apresentando um dado surpreendentemente positivo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que revela que o Brasil investe 5,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB) na área. Mas, de acordo com a pesquisadora, o país enfrenta vários desafios no que se refere à formação de uma política pública mais eficiente nesse tipo de investimento. “Estamos numa fase de não-investimento na Educação, na Pesquisa, em Pós-graduação, um não-investimento em tudo o que leva ao desenvolvimento do país”.
Em outro momento de sua participação, Tereza, que tem uma larga experiência em projetos de pesquisa nacionais e internacionais na área de ciências biológicas, convocou os estudantes a pensar novas políticas públicas. Ela apresentou várias iniciativas e editais de fomento à pesquisa da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e FACEPE com instituições de outros países. “Se você nunca submeter, você nunca vai ganhar”, disse ela em tom descontraído ao encorajar alunos e professores a apresentarem projetos.
Ao final, Tereza Cartaxo ressaltou a importância da qualificação permanente do capital humano com a presença de pós-doutores nos programas de pós-graduação e passou uma mensagem de esperança para aqueles que estão começando na pós: “vocês são o futuro dessa nação. A gente não pode desistir de lutar, mas a gente tem que buscar oportunidades nas situações difíceis”.