Pesquisa da UFPE apoiada pela Facepe aponta que consumo excessivo de álcool leva a drogas ilícitas

14 de novembro de 2012

Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com financiamento da Facepe, aponta que 70% dos usuários que estão em Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPsAD) do Recife começaram a tomar drogas após o uso excessivo do álcool.

“No início, íamos apenas investigar o crack, mas percebemos que precisávamos de uma abordagem maior. Então verificamos que, na maioria das vezes, o uso de psicoativos surge após o alto consumo de álcool”, disse Roberta Uchôa, coordenadora do Grupo de Estudos sobre Álcool e Outras Drogas (Gead) da UFPE.

Entre julho de 2010 e março deste ano, foram entrevistadas 1.957 pessoas que estavam em CAPsAD da capital de Pernambuco. O objetivo era definir o perfil dos usuários recifenses de drogas. Segundo o estudo, 78% dos usuários são do sexo masculino e, desses, 42% têm entre 37 e 59 anos. Essa também é a principal faixa etária entre as mulheres.

A pesquisa também apontou que a droga mais consumida é o álcool, com 1.368 dos usuários. Em segundo lugar, ficou o tabaco (1.133). Das substâncias ilegais, o crack é o mais consumido (885), seguido pela maconha (852).

Quando foram divididos em classe social, foi observado que apenas 2,5% vêm de bairros de classe média como Boa Viagem e Casa Forte. “Os dados sugerem que os serviços públicos de saúde, como no caso dos CAPs, especializados no tratamento de problemas relacionados às drogas, ainda são pouco referenciados pela classe média recifense. Mas, como a rede privada e filantrópica nessa área ainda é pequena na cidade, precisamos saber onde os usuários das classes média e alta estão buscando tratamento e como a dependência de drogas, como o crack e a maconha, está afetando esse público”, explica Roberta.

Outro aspecto relevante é que a maioria procurou o CAPs por vontade própria. Encaminhados por familiares e amigos são 18% e 5% estão nos centros por determinação da justiça. Apesar disso, a maioria dos dependentes abandona o tratamento – 58% dos usuários de crack, 57% dos de maconha e 55% dos de álcool.

O estudo, em suas duas fases (quantitativa e qualitativa), contou, também, com o financiamento do Ministério da Saúde e parceria da Universidade de Pernambuco (UPE) e do Programa + Vida.

*Extraído do portal NE10 – Publicado em 13.11.2012, às 16h42