Primeiro transporte oceanográfico construído no Brasil estuda a acidez marítima do litoral de Pernambuco

Recife, segunda-feira, 29 de julho de 2013

A expedição da embarcação Alpha Delphini ao Estado teve apoio da Facepe e FAPESP

Por Marcos da Silva

O primeiro transporte oceanográfico inteiramente construído no Brasil percorreu, nos últimos 15 dias, pontos importantes do litoral pernambucano para a realização de estudos sobre a acidez marítima. O barco Alpha Delphini transportou uma equipe de 20 pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade de São Paulo (USP), acompanhados de alunos de graduação e pós-graduação das duas instituições.

Durante a viagem, os cientistas fizeram a coleta de água, sedimentos e microrganismos, à procura de indicadores do processo de acidificação marinha na costa pernambucana. O percurso do barco pesquisador compreendeu o trecho entre o Porto do Recife e a ilha de Itamaracá, tomando como referência o arquipélago de Fernando de Noronha.

A poluição que chega ao mar vem pelos rios Capibaribe, Beberibe e afluentes, que transportam grandes quantidades de matéria orgânica para a área costeira, o que resulta em aumento da quantidade de CO2 dissolvido na água. Nesta primeira expedição, a equipe coletou algas e sedimentos para ver o estado da água, a degradação ambiental, a profundidade em que estão estes sedimentos e qual a concentração de carbono que existe neles.

“Com a acidez excessiva haverá perda da biodiversidade marinha e da riqueza natural do litoral pernambucano. As esponjas e os corais, que possuem estruturas ricas em carbonatos, serão as primeiras espécies afetadas”, ressalta o biólogo e oceanógrafo Manuel Flores Montes, da UFPE. De acordo com ele, esta pesquisa possibilita a utilização dos novos equipamentos e a parceria entre as duas universidades. “A oceanografia é uma área da ciência muito ampla. Engloba química, física, geografia, geologia. O trabalho superou as nossas expectativas”.

Dentro do projeto, financiado pela Facepe e FAPESP, estão previstas três expedições da embarcação oceanográfica pelo litoral do Estado. Nesta primeira, o barco pesquisador ficou no Recife até o último dia 23 de julho, quando seguiu para Fernando de Noronha. O Alpha Delphini chegou ao arquipélago no dia 25. Os pesquisadores trabalharam até o dia 26, data em que voltaram ao Recife. Já na Capital, prosseguiram com a coleta, finalizando na Ilha de Itamaracá. Todo o estudo sobre a vida e a água marinhas terá duração de dois anos.

Alpha Delphini - Construído pela USP com recursos da ordem de R$6 milhões, do governo de São Paulo, o Alpha Delphini tem 26 metros de comprimento, navega com o auxílio de oito tripulantes e autonomia de dez dias em alto-mar, sem a necessidade de reabastecimento. A embarcação possui ampla cozinha, um refeitório, três laboratórios, sala de comando, sala de controle, uma sala de reuniões, seis dormitórios e sete banheiros. Os alojamentos podem acomodar oito tripulantes e dez pesquisadores que se revezam, caso o número de passageiros seja maior. 

A expedição pelo litoral pernambucano é financiada pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Uma nova coleta de resíduos para o teste da acidez marinha na costa pernambucana acontece nos meses de setembro e outubro deste ano, por pesquisadores da UFPE.

Confira as imagens no Facebook de Facepe.