Familiares, amigos e admiradores prestam a última homenagem ao cientista Ricardo Ferreira

Familiares, amigos e admiradores – entre eles o presidente da Facepe, Diogo Simões – foram ao local para se despedir do cientista, de 85 anos, que morreu ontem, em sua residência, no bairro de Casa Forte, em Recife. Os restos mortais do cientista foram cremados no início da tarde desta quarta.

 

Recife, quarta-feira, 31 de julho de 2013

O pesquisador morreu em casa, ontem pela manhã

Por Marcos da Silva

O corpo do pesquisador Ricardo Ferreira foi velado durante toda a manhã desta quarta-feira, 31, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Familiares, amigos e admiradores – entre eles o presidente da Facepe, Diogo Simões – foram ao local para se despedir do cientista, de 85 anos, que morreu ontem, em sua residência, no bairro de Casa Forte, em Recife. Os restos mortais do cientista foram cremados no início da tarde desta quarta.

Conhecido internacionalmente por seu trabalho como escritor, pesquisador e professor de renomadas instituições como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife; Indiana University, Columbia University e Farlhan College, nos Estados Unidos, o doutor em química Ricardo Ferreira era respeitado por todos por sua competência profissional, generosidade e simpatia.

Depoimentos - “Ricardo marcou minha vida desde a adolescência, época em que li um manual de química, escrito por ele e Manuel Silva. Cheguei a pensar em cursar química, mas me convenci de que a minha vocação era a medicina. Convicto defensor do socialismo, Ricardo Ferreira foi um investigador e pensador de ponta que ajudou a formar outros pensadores aqui e fora do País”, destacou o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira.

“Um exemplo a ser seguido por professores e alunos”, resumiu o físico e ex-secretário das pastas de Educação e Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco, Anderson Gomes.

“Escrevi dois livros com Ricardo: “Mecânica Quântica” e “Simetria e Mecânica de Reações”. Fomos amigos por mais de 50 anos. Fui assistente dele nas escolas de Engenharia e Química e também aluno dele de pós-graduação, na cadeira de Mecânica Quântica. Ele me tinha como filho. Considero Ricardo, a maior expressão da fisicoquímica de toda a história da universidade brasileira”, disse o químico Roberto Kramer. 

“Ele era um professor espetacular. Na minha opinião, o maior cientista que o Brasil já teve. Escreveu trabalhos sobre muita coisa: física, química… Influenciou todos os que o conheceram”, lembrou o amigo, primeiro mestre em Química formado pelo professor Ricardo Ferreira e diretor científico da Facepe, Arnóbio Gama. 

Vida – “Aprendi muito com ele nos 17 anos em que moramos na mesma casa. Tenho muito orgulho dele. Dedicou a vida à ciência e sempre tratou as pessoas de forma igualitária, do presidente da República ao mendigo. Meu avô ainda guardava as cartas que trocou com a esposa enquanto namorados”, revelou o neto de Ricardo Ferreira, Pedro.

Ricardo Ferreira foi casado durante 57 anos com a dona de casa, Rosa Maria, também falecida. Entre namoro e casamento, os dois conviveram juntos por 64 anos. O pesquisador era professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), doutor honoris causis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisador emérito do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF); membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 1977; presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).

Em 1996, recebeu do CNPq o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, considerado o maior prêmio da ciência brasileira. Ferreira foi pesquisador nível IA do CNPq desde 1976, passando a pesquisador emérito a partir de 2007.

Prêmio – Como reconhecimento da contribuição do pesquisador à ciência brasileira, a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) criou, em 1997, o Prêmio Ricardo Ferreira, distribuído por ocasião das jornadas de Iniciação Científica promovida pela Facepe.

“A disciplina que mais marcou a minha vida na universidade foi História da Química, onde o professor Ricardo contava o que viveu na área. Pela importância dele para a ciência, a Facepe foi muito feliz em homenageá-lo em vida. Ele era a pessoa mais humilde do Mundo. Sempre disponível para ajudar as pessoas”, destacou o ex-aluno e atual gestor de programas de ciência, tecnologia e inovação da Facepe, Jayme Ribeiro.