FACEPE APOIA PESQUISAS CONTRA CÂNCER

Recife, 09 de março de 2010

CÂNCER: AVANÇOS CIENTÍFICOS CONTRA O MAL

Por: Juliana Colares (julianacolares.pe@dabr.com.br)

Por trás das pipetas, microscópios e computadores cientistas tentam decifrar genes, testam substâncias, fazem cálculos. Combinam diferentes áreas do conhecimento. Passam anos estudando novas estratégias na árdua luta contra um inimigo que esconde sob o nome câncer um leque de mais de 100 doenças. Um vilão que avança. Mas que encontra um exército de pesquisadores dispostos a driblá-lo. São soldados da saúde espalhados por todo o mundo. Inclusive, Pernambuco.

As pesquisas se espalham por várias frentes nas universidades locais. Uns estudam uma forma de desenvolver uma vacina eficaz e mais barata que as já existentes para ajudar na prevenção do câncer de colo de útero, atacando o papilomavírus humano (HPV). Outros utilizam conhecimentos matemáticos e físicos para aumentar a precisão com que tumores mamários e intracranianos são medidos. E, atentos ao que surge de novo na área, há ainda médicos pernambucanos utilizando técnicas e equipamentos importados para auxiliar o tratamento de cânceres ou lesões potencialmente malignas. Conectam Pernambuco a outros países do mundo. Não à toa.

De tempos em tempos, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulga estimativas de novos casos para os anos seguintes. A previsão era de 466.730 em 2008. Aumentou para 489.270 em 2010. Se o cálculo estiver correto, quase meio milhão de brasileiros apresentarão algum tipo de câncer neste ano – 19.670 só em Pernambuco. A doença avança. Mas a ciência dá passos para tornar o nome câncer menos assustador. Para dar mais munição à proteção. E tornar a luta de quem enfrenta essa difícil notícia mais fácil.

Sistema digital

Engenharia da computação e câncer, um casamento que está dando certo. Uma prova é o trabalho encabeçado pelo mestrando Sidney Marlon Lopes de Lima e pelo professor Sérgio Campello Oliveira. Juntos, eles estão desenvolvendo um sistema digital que tem o objetivo de medir com o máximo de precisão as dimensões de tumores mamários e intracranianos, a partir de imagens coletadas por exames convencionais, como a ultrassonografia. A ideia é criar um método portátil que informe o comprimento e os diâmetros máximo e médio do tumor. Atualmente, a medição de nódulos mamários visualizados em exames de ultrassom, por exemplo, sofre grande interferência humana. É um profissional de saúde quem demarca as extremidades a serem medidas, na tela do monitor. Trabalho que, nesse novo sistema, é feito automaticamente.

Por enquanto, a margem de erro do dispositivo que está sendo criado na Universidade de Pernambuco é de um décimo de milímetro. “Ele já é bem preciso, mas estamos estudando como melhorar essa precisão”, disse Sérgio Campello. O Consenso do Câncer de Mama seguido no Brasil orienta que a cirurgia de mastectomia seja indicada para tumores iguais ou maiores que três centímetros. Sidney pretende aperfeiçoar seu sistema ao ponto de ele entrar no consenso como parâmetro para essa medição.

Laser X lesões potencialmente cancerígenas

Aos 26 anos, Cláudio Fernando Leitão descobriu que tem uma lesão na língua potencialmente maligna chamada de leucoplasia. A lesão cobria grande extensão de sua língua (cerca de 3 cm) e Cláudio procurou ajuda. Está fazendo tratamento gratuitamente no Serviço de Estomatologia da Universidade Federal de Pernambuco. A “arma” usada na terapia é um equipamento esloveno que emite dois tipos de laser, o Erbium: Yag e o Neodymium: Yag. É uma alternativa ao tratamento cirúrgico. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral e professor da UFPE, Jair Carneiro Leão, o laser também pode ser usado para tratar efeitos colaterais comuns a quem está fazendo tratamento contra tumores malignos, bucais ou não, como a mucosite (inflamação das mucosas da boca).

Congelamento

Se você está se perguntando o que a palavra “congelamento” faz em uma reportagem como esta, saiba que é isso que está acontecendo no Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP). Aplicada em pacientes com tumores ósseos, a técnica consiste na retirada do tumor, seu congelamento em nitrogênio líquido e reimplantação. A baixa temperatura, segundo o cirurgião Marcelo Souza, é capaz de matar células cancerígenas. Com isso, não é preciso retirar um pedaço de outro osso ou usar peças artificiais para preencher o espaço antes ocupado pelo tumor. E as chances de rejeição desaparecem, já que as células reimplantadas são do próprio paciente. A técnica é indicada para pessoas com tumor primário (que se originou no próprio osso) e metastático, desde que seja de natureza blástica (formadora de osso) e haja expectativa de sobrevida longa. Segundo o médico, o método é seguro e as chances de recaída são remotas. A técnica, simples e de baixo custo, foi desenvolvida na Universidade de Kanazawa, no Japão, e trazida para o Recife pelo médico Marcelo Souza. No Brasil, ela só é aplicada em Pernambuco, Curitiba (PR) e Campinas (SP). Até agora, pelo menos 30 paciente foram operados no HCP.

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http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/02/28/urbana9_0.asp