FACEPE apoia pesquisa em Pernambuco sobre variação geográfica craniana e cromossômica em peixes-boi

Peixes-boi são mamíferos aquáticos altamente carismáticos e ameaçadas. Incluem três espécies, uma restrita à costa oeste da África, uma que ocorre na bacia amazônica e uma terceira que ocorre nas costas das Américas, da Florida ao nordeste do Brasil. Para esta espécie, consideram-se atualmente duas subespécies, uma na Florida e costa do Golfo do México, e outra que se distribui do Caribe ao nordeste do Brasil. Tal separação é levada em conta para as estratégias de manejo e conservação atuais. Apesar de alguns estudos anteriores terem evidenciado a existência de pelo menos três linhagens de peixes-boi marinhos, nós estamos agora fornecendo fortes evidências que a população de peixes-boi marinhos que ocorre no Brasil ao sul da foz do Amazonas seja distinta da população que ocorre nas Guianas e no Caribe, e isso terá impactos em como serão manejadas.

Nosso estudo, desenvolvido nos Departamentos de Zoologia e de Genética da UFPE, em colaboração com a UFPB, a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos, o ICMBio, e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, inclui a análise morfométrica de aproximadamente 190 crânios das três espécies de peixe-boi e a descrição do cariótipo antes desconhecido da população brasileira de peixe-boi marinho. Além de permitir uma melhor compreensão da variação morfológica existente nas espécies atuais de peixe-boi e suas implicações evolutivas, nossos dados mostram que a população brasileira de peixe-boi marinho é morfologicamente distinta da população do Caribe, e a magnitude desta diferença é maior que entre as subespécies de peixe-boi marinho reconhecidas e até maior que entre algumas espécies reconhecidas. O cariótipo também é distinto da população do Caribe. Nossos resultados, aliados a dados já publicados derivados de estudos de genética molecular, sustentam a ideia que a população brasileira de peixe-boi marinho é claramente distinta, estando provavelmente evoluindo em separado da população do Caribe, e pode até constituir uma subespécie ainda não nomeada. Isto terá implicações profundas nas estratégias de conservação destes mamíferos carismáticos e ameaçados, já que estas populações terão que ser consideradas separadamente quando se tratar de manejo e estimativas de tamanho populacional.