Os pesquisadores com projetos selecionados no Edital Facepe 22/2019, que financia estudos de impactos e mitigação da contaminação por petróleo no Litoral de Pernambuco, estiveram reunidos, na manhã desta quinta-feira (19), na sede da Fundação, para a assinatura dos Termos de Outorga. O Edital prevê recursos na ordem de R$ 2,4 milhões. A Diretoria de Inovação da Facepe, que coordenou o processo, recebeu 62 projetos. Desse total, doze foram selecionados nas áreas das Ciências Agrárias, Biológicas, Exatas e Engenharias.
O presidente da Facepe, Fernando Jucá, aproveitou a ocasião para incentivar a atuação integrada entre os grupos de pesquisadores selecionados. “É uma nova maneira de fazermos pesquisa. Não simplesmente produzir, publicar um paper e ficar nisso. Não será uma pesquisa convencional. É preciso que a informação chegue a todo mundo”, disse ele destacando que as primeiras articulações entre a comunidade científica e o poder público na busca por soluções para o derramamento de óleo partiram da Academia Brasileira de Ciências (ABC), representada na manhã de hoje (19) pelo professor Anderson Stevens, do Departamento de Física da UFPE.
Jucá apresentou ainda dados atualizados sobre o desastre ambiental e informações sobre a reunião da qual participou com o alto comando da Marinha, a bordo de um navio em Salvador, há uma semana. Uma das hipóteses investigadas é a de que um cargueiro esteja envolvido no acidente. A embarcação fez o percurso entre a Venezuela e Singapura, contornando o Nordeste brasileiro e o sul do continente africano até chegar à Ásia. De acordo com dados apresentados pelo presidente da Facepe, 80 mil navios fazem essa rota por ano e a expectativa é de que este número chegue a 250 mil. ”Esse fato que a gente pensa que acabou, não acabou e ele vai se repetir com uma frequência maior, infelizmente”.
Até ontem (18), o derramamento de óleo atingiu 966 localidades de 129 municípios em onze estados brasileiros. Pelo menos, 112 animais morreram vítimas da contaminação pelo produto químico. Pernambuco foi o estado mais atingido, com quase todos os municípios litorâneos registrando manchas de óleo nas praias, estuários e manguezais. Diante da tragédia, o Governo do Estado tomou várias iniciativas em Ciência & Tecnologia visando reduzir os impactos.
Entre eles o lançamento de outro edital em parceria com a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (Fapesp), estimado em R$ 3 milhões; a criação de grupos de trabalho com as principais universidades e centros de pesquisa pernambucanos como a UFPE, UFRPE, UPE, Aggeu/Fiocruz, IFPE e Universidade Católica de Pernambuco, além das parcerias com a própria Fapesp, IPT, USP, Unicamp, ABC e Marinha do Brasil.
O presidente da Facepe detalhou ainda como foi o encontro com o alto comando da Marinha, que reuniu pesquisadores de outros estados brasileiros. Segundo ele, a estimativa dos comandantes é de que seriam necessários R$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos para o desenvolvimento de ações de combate ao dano ambiental que terá décadas de consequências. Ainda de acordo com Jucá, a Marinha organizou grupos de avaliação ambiental com sete equipes de pesquisadores. “O risco emergencial ainda não acabou”.
Fernando Jucá disse ainda que a intenção é que a Facepe seja uma instância articuladora entre pesquisadores e os atores do poder público na busca por soluções para este problema ambiental. “O desafio é a gente criar uma forma de se integrar mais e não fazer o trabalho isoladamente. A gente precisa dar respostas”, finalizou.