“Vivendo no escuro”: artigo de pesquisadores da UFPE apoiados pela FACEPE revela alta diversidade de fungos em caverna na Caatinga

Caverna e etapas experimentais

Caverna e etapas experimentais

No dia 04 de Dezembro de 2020, o artigo intitulado “Living in the dark: Bat caves as hotposts of fungal diversity”, foi publicado na revista científica PLoS ONE (https://journals.plos.org/plosone/; FI (JCR 2029): 2.74) como parte dos resultados do projeto de mestrado de Aline Oliveira Barboza da Cunha, no Programa de Pós Graduação em Biologia de Fungos (PPGBF, https://www.ufpe.br/ppgbf). A equipe da pesquisa foi supervisionada pela Profa. Dra. Cristina Maria de Souza-Motta e com coorientação do Prof. Dr. Alexandre Reis Machado, ambos do Departamento de Micologia, Centro de Biociências (CB)/UFPE, e contou com colaboração do Dr. Eder Barbier e do Prof. Dr. Enrico Bernard, ambos do Laboratório de Ciência Aplicada à Conservação da Biodiversidade do Departamento de Zoologia, CB/UFPE; e do Prof. Dr. Jadson Diogo Pereira Bezerra do Laboratório de Micologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás (UFG).

Tendo em vista que estudos sobre a diversidade de fungos em ambientes cavernícolas e associados com morcegos são pouco realizados, sobretudo no Brasil, neste artigo os pesquisadores avaliaram a riqueza de espécies de fungos presentes no ar da caverna, a presença de fungos em três microhabitats no corpo dos morcegos (cavidade oral, pelos e membrana da asa) e os fungos associados ao guano (fresco e não fresco) de morcegos com diferentes hábitos alimentares (insetívoros, frugívoros e hematófagos). A pesquisa foi conduzida na caverna Meu Rei, localizada no Parque Nacional do Catimbau – PE. Esta caverna é classificada como uma “bat cave” porque abriga populações excepcionais de morcegos, que podem atingir mais de 120.000 indivíduos em determinados períodos do ano.

Aline e Eder em coleta morcego

Aline e Eder em coleta morcego

Os 59 táxons de fungos identificados a partir análises morfológicas e de sequências de DNA, foram agrupados no filo Ascomycota (50 táxons), seguido por Basidiomycota (oito) e Mucoromycota (um). Oito (21,6%) dos 37 gêneros e 17 (53,1%) das 32 espécies identificadas foram relatadas pela primeira vez em cavernas, destacando a necessidade de conservação dos fungos, das cavernas e dos morcegos, não apenas em áreas de Caatinga. O estudo foi uma colaboração interdisciplinar e interinstitucional, realizado com recursos principalmente obtidos de projetos financiados pela FACEPE (ex.: Multiusuários APQ-0143-2.12/15 e APQ-0350-2.12/19), e pelo Projeto Bat Caves do Nordeste. Os Projetos Multiusuários coordenados pela Dra. Cristina Souza Motta, garantiram parte do suporte para que os experimentos fossem conduzidos no Laboratório de Pesquisa da Micoteca URM da UFPE (www.ufpe.br/micoteca). O Projeto Bat Caves do Nordeste, coordenado pelo Dr. Enrico Bernard, vem estudando bat caves em vários estados do Nordeste, e além do apoio das agências de fomento (FACEPE e CNPq), conta também com recursos de compensação ambiental espeleológica, disponibilizados pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (CECAV/ICMBio/MMA).

Morcegos e exemplos de fungos exclusivos

Morcegos e exemplos de fungos exclusivos

O artigo pode ser acessado e baixado gratuitamente no link: https://doi. org/10.1371/journal.pone.0243494.

Referência: Cunha AOB, Bezerra JDP, Oliveira TGL, Barbier E, Bernard E, Machado AR, Souza-Motta CM (2020) Living in the dark: Bat caves as hotspots of fungal diversity. PLoS ONE 15(12): e0243494. https://doi. org/10.1371/journal.pone.0243494.