Pesquisadores e gestores públicos apresentam estudos sobre o derramamento de óleo no litoral do NE

Pesquisadores e gestores públicos se reuniram no final da manhã desta terça-feira (15) para apresentar resultados de estudos e ações desenvolvidos poucos mais de um ano depois do derramamento de óleo que atingiu o litoral do Nordeste. O webinário organizado pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) teve um tom de prestação de contas. Os recursos investidos por meio de editais lançados pela Facepe giram em torno de R$ 2.4000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

Oleo5A solenidade de abertura contou com a participação do presidente da Facepe, Fernando Jucá; do secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti Júnior; da secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, Janice Trotte-Duhá; do promotor do Ministério Público de Pernambuco, André Felipe Menezes; e do presidente da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), Djalma Paes. De acordo com dados da agência, o desastre atingiu 48 praias, oito estuários em 13 municípios. Foi retirada uma tonelada e 600 mil quilos de lama tóxica. O material foi destinado a aterros sanitários credenciados.

Oleo13A segunda parte do webinário foi conduzida pela diretora de Inovação da Facepe Aronita Rosenblatt, que chamou a atenção para a solidariedade da sociedade civil diante da tragédia. “Nós vimos pessoas muito simples que pegavam os tonéis e que retiravam o óleo e ajudavam a limpar as praias e com o passar do tempo essas imagens se apagam”. Na sequência, houve duas palestras e apresentações de projetos de pesquisa.

O vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Moacyr Araújo, destacou o papel estratégico da observação dos oceanos na prevenção de desastres ambientais. O pesquisador e professor do Departamento de Oceanografia defendeu a criação de um núcleo operacional da área no estado. A outra palestrante, pesquisadora do mesmo departamento da UFPE, Beatrice Padavani, falou sobre os avanços tecnológicos no estudo da paisagem marinha, “o que possibilitou a procura de óleo no fundo do mar”. Ela chamou a atenção ainda para o impacto invisível das partículas de óleo dos plânctons, micro organismos base da cadeia alimentar. Beatrice finalizou com estratégias passivas e ativas de restauração desses ambientes.

O momento final foi destinado a apresentações de projetos. Antônio Celso Dantas Antonino (UFPE), da área de Engenharia, mostrou como as tocas de caranguejos e marias-farinhas podem influenciar no fluxo de hidrocarbonetos presentes no óleo em direção às águas subterrâneas. Já Galba Takaki, da Universidade Católica de Pernambuco, demonstrou como os manguezais podem ser considerados modelos para estudos de alterações ambientais. De acordo com ela, foram encontrados metais pesados nesses ecossistemas devido ao derramamento de óleo. Somente esta pesquisa na área já produziu dez artigos, quatro capítulos de livro e sete patentes.

Oleo25O encerramento ficou a cargo do professor Jessé Fidelis de Souza Filho (UFPE), da área de Oceanografia. O grupo de pesquisa que ele representa constatou, um ano depois, a presença de manchas de óleo em rochas de praias atingidas pelo derramamento. “Especialmente em Suape e Rio Formoso, o impacto de mortalidade são maiores”, disse ele ao exibir fotos de animais com manchas e malformações no organismo devido ao convívio com os resquícios de óleo.